CARTA PARA A MÃE ÁFRICA

Comprovaram que foste a primeira mãe, entretanto acreditam e perpetuam a ideia de que serás sempre condenada ao "Sub" e ao último lugar.
Criaste e acolheste os primeiros, foste e és o solo dos nossos ancestrais, mesmo assim há quem continue a acreditar que antes de sermos amarrados, não havia ninguém capaz.

Mama, Mama África.

Perdoa-me, perdoa-nos.

Dos Santos ao Satanás, exploramos as tuas riquezas e nada fica no teu lar. Das bonitas montanhas, paisagens intocáveis e o ritmo do teu mar, fizemos um pacto com aqueles que hoje nos têm mal.
Tocamos várias vezes nas curvas bonitas e percebemos o teu olhar, mas mesmo assim não fomos capazes de ignorar quem de fora vinha e prometia te guardar de uma maneira excepcional tanto que custava acreditar.

Mama, Mama África

Acolhe-me, acolhe-nos.

Sempre foste uma boa mãe, permitiste que eu voasse para um mundo vizinho, mas acredita em mim, como uma boa filha, nunca te vou deixar sozinha. Aos costumes que temos e que me ensinaste, voltarei aos teus pés e tentarei a todo o custo levantar-te.

Mama, Mama África

Perdoa-me, perdoa-nos.

Por ter esquecido por vezes de te mencionar, exemplos europeus e ocidentais falaram mais alto e muitas vezes gritaram por dentro e me fizeram calar. Assumo que não é fácil resistir à lavagem cerebral que nos tentam fazer, querem me fazer acreditar que dentro de ti nunca houve saber e que as tuas raízes sempre foram falsas, fracas, migalhas, nunca escrita, só fala e por isto inexistente e impotente para este mundo de oportunidades.

Da matemática à ioga, das costumes aos descobrimentos profundos. Do estudo e da maneira misteriosa de criar de verdade eu assumo, tentam falar com o objetivo de me fazer esquecer que tu foste mãe, mãe e nunca madrasta, mãe e nunca menos que mãe, dona e criadora da nossa vivência, a tal, a que nunca pode ficar por fora das celebrações da vida e dos avanços que hoje temos na ciência.

Mama, Mama África

Acolhe-me, acolhe-nos.

Reclamamos que precisamos de mais, quando na verdade nos deste tudo e abrimos mão de tal quando abrimos os portões que dão acesso ao teu coração e deixamos os que vieram de longe explorar o teu amor com rancor, ódio, violência e pouco conhecimento da tua essência e dor.

Mama, Mama África

Perdoa-me, perdoa-nos.

Porque de promessas sei eu que já estás farta, mas o teu gigante coração que representa o centro do mundo e da nação ainda tem esperança, por isso ainda afirmo e continuo o meu caminho com perseverança, irei voltar e te entregar, aquilo que aprendi e a forma como puder irei te amar.
Perdoa-me se não for a melhor forma possível, irei fazer um esforço visto o que sempre me ensinaste. De maneira corajosa e por vezes drástica tive de manter a resistência como se fosse comida e água, nascer pronta para os ciclos da vida com um sorriso que cativa e alimenta a alma.

 De coração passo a citar, Kwame Nkrumah fez-me lembrar, que do Norte ao Sul tu és o meu lar e que a tua liberdade ninguém te pode roubar.


Navvab A. Danso

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