PORTUGAL, PORTIMÃO, RACISMO, RAZÃO


Dos portões até Portimão, sempre foi mano a mano e de coração.
Nunca duvidei até ouvir "preto de merda", nunca me excedi até ouvir "não devias estar aqui".
De todas as vezes que senti, senti com cuidado para não me arrepender. Vivi momentos intensos, esperei amor como retorno e ouvi que deveria voltar à minha terra e viver por lá, já que tanto reclamo!

Dos portões até Portimão, o calor nunca é humano sempre é de pretos e tudo é dito de maneira directa de antemão. Passei por uns tantos museus e castelos, visitei onde nasceu Portugal e seus mistérios, nunca pude me sentir turista no meio de tantos olhares de espanto, no meio de tantos encantos, nasceu Portugal, seus racistas também e seus miseráveis truques de tortura que até hoje me causam espanto.

Não generalizamos, já sabemos que irão reproduzir o discurso de que isto é coisa de ignorantes e que portugueses sempre foram brandos. Brandos, tão brandos quanto as palavras que nos torturam e nos fazem sentir fora da caixa, fora de casa, fora do mundo, em um lugar onde nunca haverá encaixe.

Não generalizamos, mas temos publicações para o mundo, em redes sociais, aos olhos do povo, algumas crianças brincam de tudo, já há quem diga que paramos no tempo e no espaço ou que alguns recolhem tudo. Recolhem maldade, ignorância, nojo e perseverança em todos estes sentimentos que para ti nunca foram passado e nunca serão futuro!

Nunca é turista, sempre é funcionário, alguém que serve até certo ponto, alguém que sabe pouco e não esconde, alguém que pouco lutou e não tem como ir mais longe, alguém mais escuro, é pretita, pretinha, escurinha, de cor, morena, um amor. Nunca pessoa, nunca turista, nunca cliente, nunca suficiente e nem nunca merecedora de algum respeito!

Eu sei que andas por aí a acreditar que eu deveria ter mais calma e que nem tudo é assim. Eu também acredito que nem tudo é assim e acredito igualmente que deveria existir mais calma, mas não do meu lado, não do lado de quem sofre por não ter feito absolutamente nada que pudesse justificar tal sofrimento! Na verdade, nada justifica. Não acho bom ter calma quando a alma é atingida...O corpo exposto à confusão serve de prova de que o sofrimento está a ser vivido e não adianta dizer não.

Não absorvi o calor, minha resistência não é em vão, aguentei até então e te espanta quando digo não. Mais do que um não, eu tenho um posicionamento, minha alma sempre foi o meu alimento, meu corpo com dores é a prova de que nunca houve um julgamento, minha pele brilha, cantaram há pouco, mas ainda há lamentos.
 Portugal e os brandos costumes continuam a ser violentos!


Navvab A. Danso

Comentários

  1. Sou da opinião que deviamos ter mais eventos destes. Portugueses têm que se habituar que existimos e não é só na área de serviço de hotéis ou na cozinha de restaurantes. Nope. Somos a primeira segunda terceira geração de pretos e não, não é ofensivo e estamos aqui para ficar ✊��✊�� A concentracao de motards em faro ninguém sentiu se incomodado. Tenho pena de não ter ido a Portimão para passar ao lado dos racistas com um sorriso bem rasgado e o nariz empinado.

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